Mulheres protestam contra estupro coletivo
“Lugar de mulher é onde ela quiser, respeito, respeito as mulheres!” Esse era o grito ecoado pelas manifestantes da associação Mulheres Progressistas no protesto “Caravana da Indignação”, realizado no último sábado, (04). A iniciativa, idealizada pelo movimento, percorreu as cidades de Guarujá, Cubatão e São Vicente. O objetivo da ação é chamar atenção para o crescente número de estupros (a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil) e crimes contra a integridade física e moral da mulher que estão acontecendo na Baixada Santista.
O tema teve repercussão em toda a mídia e tornou-se manchete de diversos jornais internacionais após a divulgação de vídeos de uma jovem, de 16 anos, que foi violentada por 33 homens. O caso aconteceu na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e fez o Brasil inteiro se chocar e debater sobre violência sexual. Em solidariedade a jovem e as mulheres que já sofreram esse tipo de abuso, as Mulheres Progressistas saíram as ruas com a Caravana da Indignação e criaram o Varal da Vergonha. Cada peça estendida no Varal da Vergonha simboliza uma mulher que foi violentada naquele munícipio. A presidente da associação, Eliane Belfort, foi uma das organizadoras da ação e explica o intuito do Varal da Vergonha. “Trata-se da materialização do crime para que as pessoas entendam o quanto é grave e abundante esse tipo de caso em cada cidade”, declara Eliane.
As Progressistas apenas trabalharam com os estupros que foram registrados nas delegacias, mas vale lembrar que o número é maior. Muitas vítimas se sentem envergonhadas e constrangidas em fazer a denúncia por conta do tratamento que recebem nas delegacias. Após estenderem as roupas no Varal da Vergonha, as manifestantes ainda leram uma carta endereçada ao governador Geraldo Alckmin. No documento foi cobrado medidas mais duras aos criminosos e exigida, entre outras coisas, uma melhor estrutura para as delegacias da mulher de toda a Região.
Quem quiser conferir os Varais da Vergonha estão instalados na praça 14 Bis, Vicente de Carvalho – Guarujá e Praça Princesa Isabel, Jardim Paulista – Cubatão. O Varal da Vergonha de São Vicente não pode ser instalado devido as más condições climáticas. A atividade das Progressistas teve o apoio das Prefeituras de Guarujá, Cubatão e São Vicente. Também foram aderentes a ação o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Assessoria de Políticas para Mulheres de Guarujá, TV Ilha do Sol e a OAB de Guarujá. As entidades Portal de Cubatão, o movimento afro A Cara do Brasil e mulheres de toda Baixada Santista.
Números
Segundo dados divulgados pela Secretária de Estado da Segurança Pública, entre o período de Janeiro até Abril de 2016 foram registrados 101 casos de estupros na Baixada Santista. No mesmo período, em 2015, 69 casos chegaram nas mãos dos policiais. Seis das nove cidades da Região aumentaram o número de violações desta natureza.