Festival Cine Mulher - Tema 6
Tema: Abuso, Violência, Gordofobia
Apresentação - PowerPoint Tema6
Vídeo Principal: Preciosa - Uma história de Esperança
Apresentações do Tema6 a cada mês
Ficha Equipe Volante |
Facilitadoras: |
Ana Paula Oliva |
Rosana Rocha - Zazá |
Adriana Borgo |
Textos Adicionais:
Preciosa - Uma história de Esperança - Abuso, Violência, Gordofobia
“Preciosa – Uma História de Esperança”:
utilize o filme no vestibular, explore o enredo e enriqueça seu
repertório
Harlem, bairro de Nova York,
1987. É nesse contexto que a jovem de 16 anos Claireece “Preciosa” Jones
enfrenta uma série de dificuldades. Discriminação, agressão e opressão
são alguns dos fatores que fazem parte do seu cotidiano.
No ambiente familiar, a jovem é agredida física e psicologicamente pela
mãe e é violentada pelo pai desde pequena, o que resulta em duas
gravidezes. Na escola, a situação não fica melhor. Negra e gorda, ela
enfrenta diariamente o bullying por parte dos colegas.
Sua primeira filha, portadora de síndrome de Down, recebe o apelido
pejorativo de “Mongo” e é criada pela avó. Quando Preciosa engravida
pela segunda vez – novamente do próprio pai – é expulsa da escola.
Nesse contexto, ela consegue uma vaga em uma escola alternativa, onde
encontra a professora Rain, que a auxilia com diversas questões pessoais
e a ajuda a enfrentar dificuldades e encontrar seu caminho por meio dos
estudos.
Com o tempo, é possível notar mudanças no comportamento da jovem, que
começa a se abrir com a nova turma e se sentir acolhida. Apesar de o
desfecho da trajetória da personagem não ser exatamente “feliz”, ela
demonstra maturidade, esperança e vontade de correr atrás de uma vida
melhor.
É possível explorar o filme “Preciosa” a partir de diversos aspectos.
Conversamos com Michele Marcelino, professora de redação do Anglo, para
estabelecer os principais e mostrar qual a melhor forma de aplicá-los na
hora do vestibular.
Violência doméstica e sexual
A personagem encara diversos tipos de violência. Decidimos explorar
melhor dois deles: a doméstica e a sexual. Por violência doméstica
entende-se qualquer tipo de agressão física ou psicológica cometida por
membros do mesmo âmbito familiar.
Espancada e humilhada em diversos momentos pela mãe, em uma das cenas
Preciosa chega até a desmaiar depois de ter um objeto atirado em sua
cabeça.
Já a violência sexual é definida como qualquer ato sexual sem o
consentimento de uma das partes ou tentativa de ato sexual por coerção
independentemente da relação entre o agressor e a vítima.
Preciosa é abusada por seu pai. A mãe sabe dos abusos que a garota sofre
desde pequena, mas consente.
Bullying
Também encarado como uma forma de violência, o bullying virou uma pauta
frequente nas discussões atuais – o que levou a uma melhora no
tratamento desse tipo de caso por parte das escolas.
Seja por campanhas de conscientização, debates sobre o tema em sala de
aula ou mesmo um olhar mais atento dos professores para promover
conversas tanto com os agressores quanto com as vítimas, o assunto tem
sido levado mais a sério por muitas instituições.
O bullying precisa ser problematizado e os jovens precisam ter noção das
consequências que esses atos podem gerar.
Padrões de beleza
“Semana passada, a Sra. Rain me pediu que escrevesse como eu queria ser.
Eu disse: cabelos longos, pele clara e magra”. A personagem deixa claro
seu desejo de ser uma garota dentro dos padrões de beleza fortemente
apresentados pela mídia como o “ideal”.
Essa ideia retorcida de uma suposta aparência perfeita desencadeia uma
série de consequências internas e externas, principalmente nas jovens.
Nesse contexto, a maneira como elas se enxergam se torna problemática,
negando suas características e buscando mudanças que podem afetar a
própria saúde.
Além disso, existe um problema externo que é a maneira como os outros
enxergam as pessoas fora do “padrão midiático” e os possíveis
preconceitos e discriminações que isso pode desencadear.
Preconceitos: racismo, gordofobia, homofobia
Os preconceitos presentes na sociedade
podem partir de diversos fatores. Os mais trabalhados no filme são
aqueles contra negros, pessoas gordas e homossexuais.
A protagonista é diretamente afetada pelos dois primeiros, com sua
autoestima sendo bombardeada diversas vezes.
Já a questão da homossexualidade aparece por meio da professora Rain.
Ela vive com a sua companheira e ambas acolhem Preciosa em um momento do
filme. Na cena, a jovem reflete sobre a opinião que a mãe tinha sobre os
homossexuais.
“A mãe diz que os homossexuais são pessoas ruins… mas não são eles que
me estupram”. A frase é forte e destaca os conflitos que Preciosa
enfrenta entre aquilo que até então lhe foi apresentado sobre o mundo e
as experiências que passa a ter.
O poder da educação
O filme mostra, gradativamente, as mudanças nas atitudes da personagem.
Um fator que age como o estopim para essas transformações é a nova
escola. Com o incentivo da professora, o apoio das colegas e o esforço
de colocar o que sente para fora, Preciosa passa a se enxergar de uma
maneira totalmente diferente – não mais como uma pessoa acuada, mas como
alguém com controle sobre a própria história.
Assim, a educação é utilizada como uma forma de emancipação no enredo.
Empoderamento feminino
A trajetória de Preciosa mostra comportamentos que culminam em ações
focadas no que é melhor para ela. A personagem se enxerga de maneira
diferente com o tempo e muda a forma como lida com suas dificuldades
mais latentes, como a relação com a mãe.
Ela, que até então achava que não possuía muitos direitos, toma
consciência de seu lugar no mundo como alguém que não deve passar por
abusos e pode lutar por uma vida melhor.
“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. A frase, que gerou diversas
polêmicas quando foi abordada no Enem 2015, é de Simone de Beauvoir. Ela
trata essa ideia de que ser mulher não é apenas algo biológico, mas está
ligado ao seu papel sendo moldado pela sociedade em que está inserida.
No caso do filme “Preciosa”, é importante identificar os principais
tópicos, como bullying, padrões de beleza e violência, por exemplo, e
memorizar algumas cenas que exemplifiquem as situações.
Preciosa - Uma história de Esperança
Se você acha que a vida é injusta só porque aquele
namorico da praia não subiu a serra ou porque engordou uns quilinhos durante as
festas de fim de ano, ou seja, se é por frescura, veja Preciosa - Uma História
de Esperança (Precious: Based on the Book "Push" by Sapphire, 2009). Em menos de
10 minutos de filme você vai entender que os seus problemas não são nada perto
do que realmente sofrem algumas pessoas mundo afora.
Tentando revelar o mínimo possível do que é a vida da protagonista Claireece
Preciosa Jones (Gabourey Sidibe), é bom você entrar no cinema sabendo que ela é
obesa, negra, mora no Harlem de Nova York durante os anos 80 e sofre com tudo
isso e por muitos outros motivos que ela nem sabe por quê. E, claro, esses
abusos têm suas conseqüências, como a falta de auto-estima que a faz se esconder
do mundo e encobrir, por exemplo, o fato de não saber ler ou escrever.
O nome do meio, Preciosa, é a prova maior da ironia. Sua mãe (Mo'Nique), que não
se cansa de tratá-la mal física e verbalmente, vive do auxílio desemprego e a
pensão que deveria ser usada para cuidar da sua primeira neta. E esse "conforto"
(com muitas aspas) agora também está sob risco, o que coloca a protagonista
ainda mais na mira da sua megera matriarca. Tudo porque Preciosa está grávida de
novo e, por motivos que é melhor nem comentar aqui, é convidada a ir para uma
escola especial.
A menina se protege do mundo exterior de cara fechada, sem cruzar olhares com
ninguém, tentando ser o mais invisível possível. Seu único refúgio são pequenos
devaneios, geralmente sonhando com a possibilidade de ter um namorado branco e
endinheirado e viver entre o glamour e o amor que faltam na sua realidade. Quem
começa a mudar isso é sua nova professora, Sra. Blu Rain (Paula Patton), que com
muita paciência vai ensinando Preciosa e suas colegas muito mais do que colocar
as letras em ordem para ler e escrever.
Mas não ache que o longa vai cair no lugar-comum da professora que vai levar
suas alunas a enxergar que estão desperdiçando suas vidas e colocá-las na linha.
O papel da Sra. Rain é o de ensinar a Preciosa a
exteriorizar seus sentimentos, o que vai ajudá-la a exorcizar alguns de seus
demônios. Tudo o que ela antes guardava para si, passa para as páginas do seu
diário.
Tecnicamente, o diretor Lee Daniels opta por uma câmera na mão, que dá lugar a
algo mais clássico apenas nas cenas em que Preciosa está sonhando. Mas tudo isso
passa a ser perfumaria perto das atuações irretocáveis de todos os envolvidos.
Você vai sentir na pele o que Preciosa sofre e ficar com muita raiva de sua mãe.
Se emocionar, sofrer, sorrir e chorar. Muito!
Seja para acompanhar as já premiadas atuações, para tomar uma porrada da dura
realidade de algumas pessoas ou simplesmente para comparar os seus problemas com
o de outras pessoas, vá ver Preciosa - Uma História de Esperança.
Mas leve uma caixinha de lenços de papel e óculos escuros para a saída do cinema.
Essa frescura, tudo bem.
Gordofobia
O estigma social da obesidade refere-se à assunção preconceituosa de características de personalidade baseada no julgamento de uma pessoa por ter excesso de peso ou por ser obesa.
É também conhecido como fat-shaming ou gordofobia.
Ativistas alegam que o preconceito contra gordos
pode ser encontrado em muitas facetas da sociedade,[1] e culpam os média pela
penetração deste fenómeno.[2][3]
Este viés tem criado impactos psicossociais negativos e causado desvantagens
para pessoas com sobrepeso ou obesas.
Estigma de peso é similar e tem sido amplamente definido como viés ou comportamentos discriminatórios direcionados a indivíduos por causa de seu peso.[4][5] Tais estigmas sociais podem estender-se durante a vida de alguém, contanto que o excesso de peso esteja presente, a começar de uma idade jovem e a durar até a vida adulta.[6]
Vários estudos de todo o mundo (ex. Estados Unidos, Universidade de Marburgo, Universidade de Leipzig) indicam que indivíduos com sobrepeso ou obesos experienciam níveis mais altos de estigma em relação a indivíduos mais magros.
Ademais, casam-se menos frequentemente, experienciam menos oportunidades educacionais e de carreira, e em média possuem uma renda menor que a de indivíduos de peso normal.[6]
Embora o apoio público quanto a serviços de
deficiência, direitos civis e leis antidiscriminatórias no ambiente de trabalho
tenham ganhado apoio ao longo dos anos indivíduos com sobrepeso e obesos ainda
experenciam discriminação, o que pode ter implicações na saúde fisiológica e
psicológica. Estas questões são combinadas com os significativos efeitos
fisiológicos negativos associados a obesidade.[7]
De acordo com o artigo “joint international consensus statement for ending
stigma of obesity”, divulgado pela revista Nature Medicine em 2020, pessoas
obesas são comumente associadas à preguiça, gula, falta de “força de vontade” e
autodisciplina.
Essas associações se dão pelo fato de sociedades ocidentais contemporâneas entenderem a saúde como uma questão moral individual[8] e que a “obesidade” é uma escolha pessoal que pode ser revertida por decisões voluntárias de alimentação e exercício físico.
Essa percepção social tem impacto negativo na criação de políticas públicas, no acesso a tratamentos e em pesquisas[9]