Festival Cine Mulher - Tema 3

Tema: Machismo

Cronograma_dos_Temas

ROTEIRO da PROGRAMAÇÃO

Apresentação:  PowerPoint Tema3

Vídeo Principal: Eu Não Sou Um Homem Fácil

Vídeo Bônus: A MELHOR PARTE DE 'EU NÃO SOU UM HOMEM FÁCIL' É O FINAL - ANÁLISE CRÍTICA

REGISTRO das SESSÕES

Apresentações do Tema3 a cada mês

Ficha Equipe Volante

Facilitadoras:

Anderson Bernardes
Marcelo Passos
Rogério da Silva Gomes

 


Textos Adicionais:

Machismo
 

Machismo (do espanhol e do português "macho")[nota 1][1] é a sensação de ser ' viril' e autossuficiente, o conceito associado a "um forte senso de orgulho masculino: uma masculinidade exagerada".[2]Está associado à "responsabilidade de um homem de prover, proteger e defender sua família".[3] 

Em um termo mais amplo, o machismo, por ser um conceito filosófico e social que crê na inferioridade da mulher, é a ideia de que o homem, em uma relação, é o líder superior, na qual protege e é a autoridade em uma família.[4][5]

 

O termo é universalmente usado para descrever um conjunto negativo de comportamentos hipermasculinos entre homens latinos,[6] (EspanhaPortugalAmérica Latina e comunidades latino-americanas), em particular, a construção de gênero de masculinidade tradicional extrema ou da característica do "verdadeiro" homem ("macho") nas sociedades latino-americanas e caribenhas, o termo é empregado com frequência dentro das comunidades latinas mas embora tenha se tornado parte do léxico, tanto de leigos quanto de cientistas sociais, a definição exata, as características descontextualizadas associadas e a aplicabilidade à maioria dos homens latinos é assunto de debate, os trabalhos mais recentes podem simplesmente se referir ao machismo como qualquer forma de sexismo ou atitudes que colocam homens em uma posição dominante sobre as mulheres e outros homens.[7] 

 

O termo tem sido usado de várias maneiras para coisas diferentes, às vezes contraditórias, sendo tipicamente associado aos homens latino-americanos como uma imputação de traços de caráter negativos relacionados à masculinidade.[8]

 

Na América Latina, a cientista política Evelyn Stevens identifica o machismo como o "outro lado do marianismo" ao explicar o fenômeno latino de considerar mulheres "santas ou prostitutas".[9][10] Durante o movimento de libertação feminina das décadas de 1960 e 1970, o termo começou a ser usado por feministas latino-americanas para descrever a agressão masculina e a violência. O termo foi usado por feministas latinas e estudiosos para criticar a estrutura patriarcal das relações de gênero nas comunidades latinas. Seu objetivo era descrever uma determinada marca latino-americana de patriarcado.[11][12]

 

A palavra "machismo" quando usada em texto em inglês, deriva da palavra idêntica em espanhol e em português e refere-se à suposição de que a masculinidade é superior à feminilidade, conceito semelhante à masculinidade hegemônica de R.W. Connell,[13] no sentido de que supostos traços femininos entre homens (os traços historicamente vistos como femininos entre as mulheres) devem ser considerados indesejáveis, socialmente reprováveis ​​ou desvios. Os papéis de gênero tem parte importante na identidade humana enquanto conduzimos nossas identidades através de ações sociais históricas e atuais.[14] As atitudes e os comportamentos do machismo podem ser mal vistos ou encorajados em vários graus em várias sociedades ou subculturas - embora seja frequentemente associado a matizes patriarcais, principalmente nas visões atuais do passado.[11]


Crítica

Eu Não Sou Um Homem Fácil, um filme que precisa ser visto !

Por Paula Ramos
 
Recentemente, o já amplo cardápio do Netflix ganhou novas aquisições. Filmes e séries foram adicionados as milhares de opções do Streaming, ou seja, nossas dúvidas só aumentaram. Em meio a diversas produções norte-americanas, um certo filme francês ganhou destaque. 

Eu Não Sou um Homem Fácil (Je ne suis pas un Homme Facile) pode não ter o melhor título do mundo, mas certamente merece a atenção do público.

Embora pareça uma clássica comédia machista, a trama não demora para revelar seu verdadeiro objetivo. E é exatamente o oposto do que pensávamos. O longa não apenas vai contra todos os princípios machistas, como também usa a comédia para distorcê-los.

O Filme

Damien é o típico estereótipo de um homem machista. Além de ser um conquistador, trata mulheres como objetos e pensa existir exclusividades de gênero, como roupas e tipos de bebida. Conforme caminhava pelas ruas, a vida resolve lhe dar uma lição e recorre a uma maneira nada gentil de fazer isso. Damien bate a cabeça em um poste, literalmente, e acorda em um mundo invertido (não o de Stranger Things). Nele, homens e mulheres têm seus papéis trocados em todos os sentidos. A vida do protagonista não mudou, visto que ele ainda tem seus amigos e seu emprego de antes. Entretanto, todos estão adaptados ao mundo novo. Enquanto seu melhor amigo se tornou dono de casa, sua chefe passou a usar terno para trabalhar. O corpo masculino passou a ser tratado de maneira exageradamente sexual, bem como o corpo feminino passou a ser coberto por calças.

De maneira cômica e irônica, mulheres passaram a classificar os homens como sexo frágil. Depilação se tornou algo destinado (e quase obrigatório) ao gênero masculino. O romantismo se tornou raro entre as garotas, que apresentam a fama de serem infiéis. Os cargos de importância e liderança são todos ocupados por mulheres, que correm pelas ruas sem camisa e sem a preocupação de serem assediadas. Além disso, para desespero de Damien, a moça por quem ele tinha se interessado antes da mudança, se transformou em uma versão feminina dele mesmo. Alexandra objetifica os homens, tratando-os como meros pedaços de carne para seu bel-prazer. Ele passa, então, a sentir a consequência de seus atos na pele. E o longa desenvolve isso da melhor e mais divertida maneira possível.

Eu Não Sou Um Homem Fácil?

O objetivo principal do longa é mostrar que não é fácil viver na sociedade em que vivemos. Uma vez que você tenha nascido como membro do gênero feminino, tais dificuldades se multiplicam. Quando Damien perde “os privilégios” de ter nascido homem, ele passa a entender como é ruim viver no lado “desprivilegiado”. Suas roupas confortáveis e largas passaram a ser substituídas por peças curtas e extremamente apertadas. Sua chefe exibe absorventes internos em cima da mesa, sem a menor preocupação de mencionar o assunto “menstruação”. Ela por sua vez, oferece uma oportunidade de trabalho para Damien em troca de favores sexuais. Chocante não?

No momento em que mulheres começam a olhar para suas pernas e sua bunda, Damien acha graça. Não demora, porém, para ele não aguentar mais viver no “mundo feminino”. 

Eu Não Sou Um Homem Fácil exagera – ou não – nos estereótipos para construir sua trama. As personagens femininas arrotam, não se preocupam com a aparência, só bebem cerveja, gostam de futebol e são experts em trair seus parceiros. Mesmo que nem todos os homens sejam assim na “realidade”, sabemos que o objetivo principal do longa é criticar a sociedade patriarcal em que vivemos.

Para fechar com chave ouro, temos também os gays do mundo invertido. No novo cotidiano de Damien, os homossexuais são pessoas que se vestem da forma que a “normalidade” do protagonista exige. Mulheres de vestido e homens de blazer se escondem em festas exclusivas e reservadas aos olhos do público. Apesar das diferenças, algo permanece: independente do mundo, a sociedade irá marginalizar o diferente.

O Que Achamos?

Apesar de todas as risadas que damos ao longo do filme, Eu Não Sou Um Homem Fácil não deve ser classificado apenas como uma “comédia romântica invertida”. A diretora e roteirista Eleonore Pourriat optou por uma forma divertida e sútil de criticar o machismo intrínseco na sociedade. E em tempos de grandes denúncias de assédio em Hollywood, o filme não poderia ter vindo em melhor hora. Ao final da trama, o público tem a certeza de que uma sociedade matriarcal é tão ruim quanto a patriarcal, tendo apenas os papéis invertidos. Para conseguir o efeito desejado, o roteiro apela para os clichês tradicionais do gênero. A protagonista cafajeste muda de opinião ao conhecer o homem da sua vida e vice-versa.
Algumas cenas ganham destaque em meio as outras. O momento de dar à luz, por exemplo, é bizarro. Embora a responsabilidade de gerar um filho ainda caiba a elas, são eles que se preocupam com as frivolidades. Um outro exemplo acontece na cena em que Damien é assediado física e verbalmente em um bar. Em nosso mundo, basta assistir a poucos minutos de um telejornal para observarmos casos piores com mulheres em todo o mundo. Por que o contrário é chocante? Talvez porque não estejamos acostumados a igualdade entre os gêneros, nem mesmo as mulheres. E é por isso que Eu Não Sou Um Homem Fácil se tornou extremamente necessário. O filme é sem dúvidas, mais um acerto da Netflix. Só nos resta esperar que seja aceito pelo lado masculino do público.

O Elenco

Por fim, não há como não falar do filme sem mencionar o imenso talento de seus protagonista. Vincent Elbaz e Marie Sophie Ferdaneé são a alma da produção. Os dois conseguem incorporar e interpretar perfeitamente seus personagens, independente do mundo em que estão. Por mais que esteja consciente da mudança na sociedade, Elbaz transparece exatamente aquilo que está sentindo. Os trejeitos e as mudanças em ambos os atores são fundamentais para captarmos a mensagem central do filme. A versatilidade dos dois é sensacional. Elbaz e Ferdaneé brilham nas cenas de ação, de drama e principalmente de comédia. Sem dúvida, Eleonore Pourriat não poderia ter escolhido nomes melhores para sua produção.

Resumo

Eu Não Sou Um Homem Fácil se tornou extremamente necessário. O filme é sem dúvidas, mais um acerto da Netflix. Embora pareça uma clássica comédia machista, a trama não demora para revelar seu verdadeiro objetivo. E é exatamente o oposto do que pensávamos. Com uma ótima mensagem e um elenco sensacional, o longa é mais um acerto da Netflix.